Uma semana depois de mais um ataque à nossa Humanidade
o Liberation ofereceu a redacção para que hoje o Charlie Hebdo Officiel estivesse nas bancas.
3 milhões de cópias que desapareceram antes do sol nascer.
Durante esta semana a emoção juntou-nos a todos, um pouco por todo o mundo.
Fomos confrontados com aquilo que o ódio - neste caso religioso - pode fazer, e reagimos com a presença nas ruas, nas redes sociais, com a reprovação e com a solidariedade.
Fomos todos Charlie.
Mas durante esta semana, fomos também confrontados com aquilo que verdadeiramente nos divide, e ajuda à proliferação deste ódio.
Eu senti-me invadida pela hipocrisia dos mandantes, que marcham sozinhos contra o terrorismo e na defesa da liberdade, mas que eles próprios são responsáveis por várias mortes em ataques "militares". Os mesmos mandantes que pressionam países a "entrar nos eixos", para que a economia se comporte sempre a favor dos mesmos. Os mesmos mandantes que agora vão aproveitar este momento, e o medo a ele associado, para nos privar de mais um ou outro direito, no objectivo de tornar o nosso mundo mais seguro, com medidas que lhes permitem espiar a nossa intimidade, e controlar - cada vez mais de uma forma pouco concreta e quase aleatória - os movimentos da cada vez mais cidadãos.
Eu senti-me triste na forma como rapidamente o todo é julgado pela parte, ou como "eles também abusavam!" é dito para justificar, o injustificável. Tudo sem reflexão ou contextualização dos momentos, acções e acontecimentos, que nos têm encaminhado para aqui.
Eu senti-me desiludida comigo, connosco, que rapidamente e de uma forma profunda, sentimos este ataque terrorista como "nosso", como algo tão terrível e hediondo - que é! - mas nos esquecemos de sentir o mesmo, quando todos os dias, continuam a morrer pessoas em circunstancias idênticas, em ataques em nome de divindades, entidades, "causas justas". Mortas por homens ou drones, o terrorismo "legal" e ilegal, continua a fazer vitimas todos os dias.
Tal como o 11 de Setembro, que originou um recuo na nossa capacidade de sermos realmente Humanidade, num sentido cada vez mais uno e unido, o que mais me revolta e entristece, neste ataque ao Charlie Hebdo, é pensar que isso vai voltar a acontecer, e que lá vamos nós andar um pouquinho mais para trás.
3 milhões de cópias que desapareceram antes do sol nascer.
Durante esta semana a emoção juntou-nos a todos, um pouco por todo o mundo.
Fomos confrontados com aquilo que o ódio - neste caso religioso - pode fazer, e reagimos com a presença nas ruas, nas redes sociais, com a reprovação e com a solidariedade.
Fomos todos Charlie.
Mas durante esta semana, fomos também confrontados com aquilo que verdadeiramente nos divide, e ajuda à proliferação deste ódio.
Eu senti-me invadida pela hipocrisia dos mandantes, que marcham sozinhos contra o terrorismo e na defesa da liberdade, mas que eles próprios são responsáveis por várias mortes em ataques "militares". Os mesmos mandantes que pressionam países a "entrar nos eixos", para que a economia se comporte sempre a favor dos mesmos. Os mesmos mandantes que agora vão aproveitar este momento, e o medo a ele associado, para nos privar de mais um ou outro direito, no objectivo de tornar o nosso mundo mais seguro, com medidas que lhes permitem espiar a nossa intimidade, e controlar - cada vez mais de uma forma pouco concreta e quase aleatória - os movimentos da cada vez mais cidadãos.
Eu senti-me triste na forma como rapidamente o todo é julgado pela parte, ou como "eles também abusavam!" é dito para justificar, o injustificável. Tudo sem reflexão ou contextualização dos momentos, acções e acontecimentos, que nos têm encaminhado para aqui.
Eu senti-me desiludida comigo, connosco, que rapidamente e de uma forma profunda, sentimos este ataque terrorista como "nosso", como algo tão terrível e hediondo - que é! - mas nos esquecemos de sentir o mesmo, quando todos os dias, continuam a morrer pessoas em circunstancias idênticas, em ataques em nome de divindades, entidades, "causas justas". Mortas por homens ou drones, o terrorismo "legal" e ilegal, continua a fazer vitimas todos os dias.
Tal como o 11 de Setembro, que originou um recuo na nossa capacidade de sermos realmente Humanidade, num sentido cada vez mais uno e unido, o que mais me revolta e entristece, neste ataque ao Charlie Hebdo, é pensar que isso vai voltar a acontecer, e que lá vamos nós andar um pouquinho mais para trás.