quarta-feira, setembro 27, 2006

O MEU GIGANTE

Eu tive um amigo que era gigante! Enorme, barrigudo e dorminhoco! E verde!
Vivia deitado, de barriga para cima, na saída de Rio de Mouro!
Todos as sextas e todos os domingos eu via o meu gigante. Ela estava lá às Sextas à noite para me dar as boas-vindas e voltava a estar lá aos Domingos para se despedir de mim e desejar-me uma boa semana.
Mas o meu gigante foi-se embora. Deixou o seu canto e a sua cama foi ocupada por dezenas, centenas de prédios altos, onde vivem muitas familias.
O meu gigante era uma "floresta" de pinheiros mansos (talvez tivesse outras árvores, mas é dos pinheiros que melhor me lembro) que havia perto da casa da minha avó. As árvores estavam todas coladas uma às outras, e as suas copas juntas formavam algo que me parecia um homem gigante, barrigudo, deitado a olhar o céu. Eu gostava daquela parte do caminho porque ia ver o meu gigante e ia imaginar o que ele estaria a ver no céu e quais seriam os seus pensamentos.
Um dia, mais tarde, voltei a fazer aquele caminho e as árvores tinham sido todas derrubadas e no lugar delas estavam um monte de prédios e muitos outros a "nascer".
Quem faz hoje a IC19 descobre a invasão dos prédios em todas as direcções. Eles não dão tréguas a nenhum espaço verde. Pergunto-me quantos "gigantes" terão desaparecido nestes anos?
O meu foi embora e eu nunca mais o vi! Em lado nenhum!